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Rio+20 est menacé par la crise mondiale, dit le gouvernement Rio+20 ameaçada pela crise econômica global

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A crise econômica global torna “praticamente depressivo” o clima em relação à Rio+20 e já começa a preocupar o governo. Diante da dificuldade de a Europa superar problemas financeiros e de os Estados Unidos voltarem a crescer, o ministério do Meio Ambiente tem identificado pouca disposição para um debate sério – não seria hora de “perder tempo” com questões ambientais. “A sociedade terá que pressionar para que o evento surta efeitos”, disse o secretário-executivo do ministério, Francisco Gaetani.

 

As declarações foram feitas nessa segunda-feira (25) durante a abertura do seminário “Preparando a Rio+20”, que o ministério promove em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) e o Instituto Internacional de Políticas Civilizatórias (IIRPV).

 

Representando o ministério de Ciência e Tecnologia na cerimônia, o pesquisador Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (INPE), também se mostrou pessimista. Para ele, com a crise econômica, são mínimas as chances de o evento produzir acordos efetivos entre os países que impactem na preservação do planeta. Por isso, a Rio+20 deveria deixar de ser vista como reunião de acordos e se converter em espaço de reflexão. “Teremos que apostar na filosofia, e não na diplomacia”, afirmou.

 

Apesar do ceticismo, Gaetani disse no discurso que o combate à pobreza associado à preservação ambiental deverá ser uma das principais estratégias que o Brasil vai defender na Rio+20, para mudar o atual modelo de desenvolvimento, considerado predatório e suicida por ambientalistas e estudiosos. “O desenvolvimento brasileiro é cada vez mais verde e tem o desenvolvimento sustentável no seu DNA. Agora, nós temos que esverdear o combate à pobreza”, afirmou.

 

Ainda segundo ele, a atual política ambiental brasileira procura superar as dicotomias históricas “crescimento X preservação” e “combate à pobreza X preservação”. Nesse contexto, segundo ele, surgem ações de vinculação do combate à pobreza com a preservação ambiental, como como a Bolsa Verde, que tenta estimula a preservação ambiental com pagamentos trimestrais a agricultores familiares miseráveis.

 

Presente ao seminário, o ex-reitor da UnB e atual senador Cristovam Buarque (PDT-DF) propôs que os governos criem um instituto de pesquisa, no Rio de Janeiro, para discutir políticas civilizatórias permanentemente, e não apenas de 20 em 20 anos. Defendeu ainda que a sociedade deveria instaurar um tribunal mundial para julgar crimes causados pela busca do desenvolvimento. “Será um julgamento moral, e não jurídico”, explicou.

 

Eco-92: balanço dos 20 anos

 

Ao fazer o balanço da Eco-92 e apontar as perspectivas para a Rio+20, os primeiros debatedores do seminário não demonstraram nenhuma convicção de que o evento do ano que vem alcance a mesma importância histórica do primeiro. “A Rio-92 foi um evento muito importante na agenda internacional. Foi neste evento que foram assinadas as convenções do clima e da diversidade Biológica”, explicou o diretor do Instituto Sócio-Ambiental (ISA), Márcio Santilli.

 

Para ele, as perspectivas, agora, são muito diferentes. O ambientalista lembra que a Rio+20 se propõe a discutir governança mundial com poder vinculante, o que significaria a criação de uma agência sobre desenvolvimento sustentável. Também pauta a discussão sobre economia verde, o que pode ser apenas uma forma de escamotear iniciativas predatórias. “As agendas estão muito soltas. Não acreditamos que o evento alcance medidas efetivas para serem adotadas pelos governos”.

 

Menos pessimista, o diretor do centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS) da UnB, Saulo Rodrigues Filho, também chamou a atenção para a fragilidade no quadro ambiental do planeta. “Sem dúvidas, houve avanços nesses 20 anos, mas também há muitas frustrações que precisam ser enfrentadas na conferência do ano que vem”, afirmou. O acadêmico reafirmou que o objetivo do seminário é elaborar um documento que sirva de subsídio para que o governo brasileiro apresente sua posição na Rio+20.

 

Representando o Ministério de Desenvolvimento Sustentável da França, a secretária-adjunta da pasta, Sandrine Menard, também revelou que as posições extraídas no evento serão consideradas pelo governo francês durante o seminário que promoverá, no dia 31 de janeiro, para definir as contribuições francesas.

 

A representante do governo francês defendeu a pertinência da criação de organismos multilaterais fortes para as contendas ambientais. “Se não existirem organismos multilaterais, as questões tenderão a ser resolvidas de forma bilateral, com prejuízo para os mais fracos”, justificou.

 

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